Desde o estilo de vida existente sobre o que se poderia chamar de mundo conhecido ate a forma como deveriam ser representadas as formas religiosas e espirituais, ou seja, controlando o corpo e a alma daqueles que são considerados fora daquele padrão estabelecido de ser humano.
Isso se aplica perfeitamente a toda a população indígena, aos estrangeiros, a todos os povos colonizados ou conquistados pelos europeus. Podemos dizer que o objetivo de conquistar foi atingido de forma espantosamente catastrófica nas sociedades e em seu contexto social, político religioso e econômico.
Tudo isso é para expor como foi que se deu uma sobreposição e uma aniquilação quase total desses costumes e de suas culturas, no Brasil essas influencia européia na forma de colonização foi seguida à risca, o que exemplifica o impacto negativo dessa colonização sobre as sociedades indígenas no Brasil, em fim, eu disse quase total e não total dos costumes.
Digo isso por que mesmo com o impacto da colonização houve sociedades indígenas brasileiras que conseguiram sobreviver ao impacto social da colonização branca de forma diferente de sociedades indígenas de outros países da América, mantendo-se quase intocadas pela sociedade branca.
Porem o mundo globalizado chegou ao indígena de forma mais voraz do que poderia supor o indígena, em fim podemos dizer que a sociedade indígena brasileira é especial por ser a única enquadrada de duas formas na sociedade, como cidadãos brasileiros e como indígenas brasileiros, possuidores de direitos e deveres.
Faz muitos anos os indígenas brasileiros têm buscado uma integração política junto ao estado para a efetivação desses direitos e uma maior representatividade em busca de atingir alguns objetivos básicos, para a população indígena que supostamente estavam garantidos na constituição, e que de forma escandalosa vinham sendo ignoradas.
Um novo século veio e um novo governo chegou ao poder, com uma política de integração e diálogo entre os diversos grupos sociais que compõem a população brasileira, e em 2001 o governo, convida os pajés, representantes de 23 tribos indígenas para discutir sobre as formas de o governo brasileiro lidar com as tribos brasileiras e como proteger os conhecimentos tradicionais e o manuseio das plantas que representam, hoje mais de 50% da biodiversidade de todo o mundo, e isso economicamente falando tem uma representatividade estrondosa, que faz necessário um governo responsável e capaz de proteger tanto os conhecimentos tradicionais de manuseio quanto a propriedade industrial sobre essa biodiversidade.
O resultado desse diálogo foi uma serie de solicitações e orientações por parte dos pajés, no sentido de, não somente terem reconhecimento de sua responsabilidade na manutenção dessa biodiversidade, mas também na necessidade de terem seus direitos de grupo respeitados dentro de uma sociedade capitalista na qual o índio esta inserido atualmente.
Foram solicitadas ferramentas do estado no sentido de que os índios tenham a possibilidade de participar não somente como colaboradores mais sim como produtores de conhecimento cientifico, controle e de direito sobre essa biodiversidade, para que ela não seja roubada patenteada e manufaturada em outros países.
Resumindo, a criação de universidades, formação cientifica pensada para o ambiente indígena, ou seja, a inserção do indígena efetivamente no na sociedade brasileira “branca” , e a discussão dessa transição e da manutenção dos conhecimentos científicos indígenas.
Desde então, existem uma serie de movimentos de avanço e retrocesso nesse caminho, porém a conclusão é de que é necessário que se faça. Ninguém espera que seja como um passe de mágica e tudo será solucionado e 500 anos de dominação, exclusão e preconceito desapareçam porem é visível uma serie de avanços nessa inserção do índio na sociedade brasileira e da sua pro - atividade em participar dela , econômica, social e cientificamente, resta a nos continuar forçando essa discussão que desenvolve e elucida a visão para quebra de padrões e estereótipos definidos a tanto tempo.
CANCLINI, Nestor García. introdução à edição de 2001. As culturas híbridas em tempos de globalização. In: ______. Culturas híbridas. Estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo: EDUSP, 2006
Carta de São Luis do Maranhão extraída do site: http://antroposimetrica.blogspot.com/2009/04/carta-de-sao-luis-do-maranhao-02022004.html
HALL, Stuart. Da diáspora – identidades e mediações culturais. Belo Horizonte, Editora da UFMG, 2003.
Santos, Milton. A transição em marcha. Por uma outra globalização do pensamento único, a consciência universal.São Paulo.Record.2008
Lei 11.645 “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena".