24 de novembro de 2010

Aqueles que também têm sua dívida a cobrar...
Durante os últimos 500, anos a sociedade européia impôs seja pela força, ou pela influencia social e econômica, aos demais habitantes do planeta suas formas de enxergar e atuar sobre o mundo e padronizou tudo que realmente pode ser considerado para a sobrevivência.
Desde o estilo de vida existente sobre o que se poderia chamar de mundo conhecido ate a forma como deveriam ser representadas as formas religiosas e espirituais, ou seja, controlando o corpo e a alma daqueles que são considerados fora daquele padrão estabelecido de ser humano.
Isso se aplica perfeitamente a toda a população indígena, aos estrangeiros, a todos os povos colonizados ou conquistados pelos europeus. Podemos dizer que o objetivo de conquistar foi atingido de forma espantosamente catastrófica nas sociedades e em seu contexto social, político religioso e econômico.
Tudo isso é para expor como foi que se deu uma sobreposição e uma aniquilação quase total desses costumes e de suas culturas, no Brasil essas influencia européia na forma de colonização foi seguida à risca, o que exemplifica o impacto negativo dessa colonização sobre as sociedades indígenas no Brasil, em fim, eu disse quase total e não total dos costumes.
Digo isso por que mesmo com o impacto da colonização houve sociedades indígenas brasileiras que conseguiram sobreviver ao impacto social da colonização branca de forma diferente de sociedades indígenas de outros países da América, mantendo-se quase intocadas pela sociedade branca.
Porem o mundo globalizado chegou ao indígena de forma mais voraz do que poderia supor o indígena, em fim podemos dizer que a sociedade indígena brasileira é especial por ser a única enquadrada de duas formas na sociedade, como cidadãos brasileiros e como indígenas brasileiros, possuidores de direitos e deveres.
Faz muitos anos os indígenas brasileiros têm buscado uma integração política junto ao estado para a efetivação desses direitos e uma maior representatividade em busca de atingir alguns objetivos básicos, para a população indígena que supostamente estavam garantidos na constituição, e que de forma escandalosa vinham sendo ignoradas.
Um novo século veio e um novo governo chegou ao poder, com uma política de integração e diálogo entre os diversos grupos sociais que compõem a população brasileira, e em 2001 o governo, convida os pajés, representantes de 23 tribos indígenas para discutir sobre as formas de o governo brasileiro lidar com as tribos brasileiras e como proteger os conhecimentos tradicionais e o manuseio das plantas que representam, hoje mais de 50% da biodiversidade de todo o mundo, e isso economicamente falando tem uma representatividade estrondosa, que faz necessário um governo responsável e capaz de proteger tanto os conhecimentos tradicionais de manuseio quanto a propriedade industrial sobre essa biodiversidade.
O resultado desse diálogo foi uma serie de solicitações e orientações por parte dos pajés, no sentido de, não somente terem reconhecimento de sua responsabilidade na manutenção dessa biodiversidade, mas também na necessidade de terem seus direitos de grupo respeitados dentro de uma sociedade capitalista na qual o índio esta inserido atualmente.
Foram solicitadas ferramentas do estado no sentido de que os índios tenham a possibilidade de participar não somente como colaboradores mais sim como produtores de conhecimento cientifico, controle e de direito sobre essa biodiversidade, para que ela não seja roubada patenteada e manufaturada em outros países.
Resumindo, a criação de universidades, formação cientifica pensada para o ambiente indígena, ou seja, a inserção do indígena efetivamente no na sociedade brasileira “branca” , e a discussão dessa transição e da manutenção dos conhecimentos científicos indígenas.
Desde então, existem uma serie de movimentos de avanço e retrocesso nesse caminho, porém a conclusão é de que é necessário que se faça. Ninguém espera que seja como um passe de mágica e tudo será solucionado e 500 anos de dominação, exclusão e preconceito desapareçam porem é visível uma serie de avanços nessa inserção do índio na sociedade brasileira e da sua pro - atividade em participar dela , econômica, social e cientificamente, resta a nos continuar forçando essa discussão que desenvolve e elucida a visão para quebra de padrões e estereótipos definidos a tanto tempo.
bibliografia

CANCLINI, Nestor García. introdução à edição de 2001. As culturas híbridas em tempos de globalização. In: ______. Culturas híbridas. Estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo: EDUSP, 2006

Carta de São Luis do Maranhão extraída do site: http://antroposimetrica.blogspot.com/2009/04/carta-de-sao-luis-do-maranhao-02022004.html

HALL, Stuart. Da diáspora – identidades e mediações culturais. Belo Horizonte, Editora da UFMG, 2003.
Santos, Milton. A transição em marcha. Por uma outra globalização do pensamento único, a consciência universal.São Paulo.Record.2008

Lei 11.645 “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena".

FACES: Qual é a sua cara?

 Muito legal esse trabalho... já que o foco do blog  é multiculturalismo/ multicultural...fica um post sobre o trabalho de Marcos  Bernades!!!!!!!!!!

disponivel em:

 http://wp.clicrbs.com.br/semcensura/?topo=84,2,18,,,84

 

FACES: Qual é a sua cara?







Diversidade dos rostos, tipos e tribos. Traços marcantes que evidenciam as diferenças entre todos nós.
É com este conceito que o designer e ilustrador catarinense Marcos Bernardes apresenta a exposição “FACES: Qual é a sua cara?” A coleção conta com cinquenta quadros que mostram os mais variados rostos evidenciando como somos diferentes uns dos outros e a beleza que há nisto. O trabalho é resultado de oito meses de estudos, esboços e ilustrações, frutos da observação do artista na diversidade étnica e cultural encontrada nas ruas. Negro, branco, pardo, índio, moreno, conservador, religioso ou não, gente bonita, gente feia, dependendo de quem as olha.

“São os traços que você vê todos os dias: no banco, na fila, no ônibus, no centro. Algumas vezes despercebido em meio a uma confusão. Talvez se pareça com você, talvez com seu vizinho ou chefe. Reconheça as pessoas em meio a esta multidão. Quem é quem?”



Atuando desde 2008 em Florianópolis, o designer, nascido em Itajaí, compõe a equipe da Nuovo Design, empresa especializada em projetos de design há 13 anos em Florianópolis. É estudante do último semestre do curso de Design Gráfico da Univali Ilha, curso que só vem a complementar sua carreira. Com abertura em 22 de novembro, a exposição fica até o dia 5 de dezembro no hall do Business Decor, na SC-401. É uma realização da Univali e tem apoio da Nuovo Design, criAG Propaganda e Marketing, Slaviero Imóveis e Gráfica Impressul.





20 de novembro de 2010

Feriado da Consciência Negra: Reflexão ou Segregação?

por Ariane Rocha Francisco

Ao falarmos sobre esse feriado são muitas as opiniões que o rodeia, existem os que vêem como um passo positivo no sentindo de que estamos superando essa mentalidade preconceituosa, ao mesmo tempo que possamos parar para pensarmos sobre a contribuição desse povo à sociedade brasileira. Porém, há os que acham ao contrario, que vêem nesse feriado mais uma forma de inferiorização e preconceito disfarçados num feriado e que recaem sobre uma questão: Como pode ser possível a existência de um dia destinado a valorizar UM povo apenas sem que caiamos num outro abismo de enaltecer sua diferença perante os outros da mesma sociedade?

Não há respostas claras e definitivas sobre essa questão, pois ambas as posturas apresentam relevância. Mas há um ponto de ressalva sobre um dia que se destina a valorizar a cultura negra no Brasil e sua contribuição a nossa nação. Como teremos então a superação dessa mentalidade preconceituosa inferiorizada que ainda infelizmente permeia nossa sociedade sem que criamos um momento, um feriado quer que seja, sobre sua REFLEXÃO?

Refletir é uma postura "física mental " que leva a uma análise de um comportamento, de um fato, de uma pesquisa, de um sujeito.

Dessa maneira, um feriado que se destina a rever todos nos conceitos sobre UM povo apenas, não é uma segregação é um passo de INTEGRAÇÃO.

A integração de um povo que por anos foi discriminado, inferiorizado e marginalizado. Que contribuíram e enriqueceram o que chamamos de Brasil, o que chamamos de nação. Destinar um dia sobre sua reflexão é saldar o débito que temos com eles, que temos como nos mesmos como indivíduos. Um passo necessário para mudarmos nossas atitudes e nossa consciência como indivíduos, um caminho de CURA que não será fácil, já que é uma FERIDA de 400 anos.

E se nós iremos conseguir superar essa consciência preconceituosa para termos uma de respeito e tolerância que não admita qualquer exclusão? Não cabe aqui dizer nessas poucas linhas e nesse único feriado...

Mas dizer apenas que se quisermos alcançar uma postura que não admita mais qualquer forma de exclusão e que permita o direito das pessoas serem apenas elas mesmas

É tomarmos a consciência de que nós só mudaremos a consciência que temos das outras pessoas se mudarmos a consciência que temos de nós mesmos.

Então, fica a questão ....
esse feriado possui uma eficácia de REFLETIR ou de apenas continuar SEGREGANDO?




O lundu era marcado pelo ritmo sincopado, herança da cultura africana, e também pela malícia e sensiualidade dos movimentos como mostra a gravura de Rugendas, de 1835.

Lundu e música popular brasileira, fruto de aproximações e trocas culturais

por:Vera Lucia.G.S.Ferraz
O Brasil sem duvida é uma das grandes potencias sonoras do planeta, é um lugar onde não apenas se ouve música, mas também se pensa sobre a música.

A música popular no Brasil ocupa um lugar de destaque quando se tratam da cultura sócia cultural a qual é lugar de fusão, encontros de diversas etnias, classes sociais e regiões que formam o nosso imenso Brasil.

Gostamos de música principalmente do samba, é comum ouvirmos expressões em relação ao prazer em que se tem ao saber dançar o samba: “ adoro sambar pois acho que tenho um pé na senzala!”quem não conhece a frase que na realidade é um refrão de um samba: “ quem não gosta de samba bom sujeito não é , é ruim da cabeça e doente do pé”. Gostamos do samba e o reconhecemos como sendo música popular brasileira e muitos arriscam até em dizer que é fruto da nossa terra, mas muitas vezes nem imaginamos que este ritmo apresenta traços marcantes encontrados no lundu.

O lundu embora seja considerado um dos mais antigos gêneros de dança e canção presentes no Brasil desde o século XVIII, é somente no século XIX quando se inicia a impressão de partituras musicais no Brasil é que o termo lundu aparece e mostra suas assimilações tanto na forma de dançar quanto nas canções com particularidades provenientes da cultura africana, portuguesa e espanhola.

A malicia e sensualidade das danças praticadas nas senzalas e nos terreiros das fazendas, acompanhadas pelo ritmo dos tambores africanos e pelas palmas das mãos e pelos instrumentos ibéricos acrescentado mais tarde, ganhou os espaços dos salões e mansões como música tocada pelas sinhazinhas em seus pianos exportados da Europa.

Portanto não é possível pensar em música popular brasileira sem pensar na sua herança multicultural á qual foi ganhando reconhecimento valorização. Como diz o autor Marcos Napolitano em seu livro História &Música (2002) “Antes de inventarem a palavra “globalização”, nossa musica já era globalizada”.

Diante disto Percebemos então que a música no Brasil foi e continuam sendo um território de encontros e fusões entre a poesia mais culta e o batuque mais ancestral mesmo que muitas vezes negado, entre a diversão, a política, a arte e os costumes de vários povos os quais formão os ritmos cantados e dançados no Brasil.

O que realmente precisamos ter em mente é que não existe cultura pura, ou seja, qualquer cultura é fruto de aproximações e trocas e sendo assim a música popular brasileira também é fruto deste hibridismo cultural.

Bibliografia:

NAPOLITANO, Marcos. História &Música, História e música popular. Belo Horizonte: Autêntica 2002.

TINHORÂO, Jose Ramos. História social da musica popular brasileira, São Paulo: Editora 34, 1998.



19 de novembro de 2010

Diversidade sim, diferentes não. Tornar uma sociedade homogênea culturalmente significa união?


Por: Dayane Csi


Nos últimos anos alguns temas têm ganhado notoriedade em meio a debates, pesquisas e propagandas comercias ou governamentais, seu foco está diretamente ligado as questões sobre as diferentes culturas existentes numa determinada sociedade que de acordo com Hall (2003) esse fenômeno é denominado de multicultural. Já o que essas diversas culturas provocam dentro de uma sociedade, sejam as diferenças, preconceitos, as situações favoráveis ou não e como o Governo/Estado lida com essas situações através de medidas e leis denominamos de multiculturalidade.

Você com certeza, já se perguntou ou buscou informações sobre que etnia pertence. Temos na América uma miscigenação étnica muito grande, descendentes de indígenas, italianos, espanhóis, africanos, porém somos brasileiros, chilenos, argentinos, peruano, mexicano, asiáticos e demais nacionalidades. Isso tem um porque, literalmente não pertencemos a uma cultura ou etnia pura, se isto é possível.

Partindo para o tema proposto dessa narrativa mediante aos conhecimentos sobre nossa história em particular e da própria história da colonização da América espanhola, seu processo de emancipação até a atualidade, quero levantar a seguinte questão: Seria possível hoje estabelecer dentro destes Estados uma cultura única, ou seja, homogênea para que ocorra a unificação desta sociedade?

De acordo com Dr. Renato Seixas, professor de Relações Internacionais, Comunicação e Cultura do PROLAM/USP, o multiculturalismo não é algo novo, desde nossos ancestrais isso vem ocorrendo, pois várias civilizações agregaram culturas de outros grupos para que houvesse uma estabilidade local.

Mediante a colonização da América ocorreu em Estados à tentativa de impor a cultura dominante sobre os dominados. No caso da América Espanhola, os europeus (espanhóis) introduziram vários elementos de sua cultura anulando ou tentando eliminar a cultura existente dos povos indígenas, isso ocorreu através das destruições de templos, de objetos, desenhos, ídolos da cultura indígena, como aculturação forçada à fé cristã. Todas essas medidas não foi suficiente para eliminar a cultura destes povos dominados, através de outras fontes como a arqueologia, relatos, e a manifestação cultural destes, é possível conhecer e desfrutar da riqueza cultural desta nação.

Mas falar da América espanhola não é falar de um todo, pois existe nela uma diversidade não apenas cultural, mas no seu processo de emancipação, de agregação dos povos existentes nelas e de rejeição dos mesmos. O autor Boaventura de Souza Santos, doutor em sociologia do direito pela faculdade de Yale e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, aborda a descolonização da América latina e os direitos indígenas, relatando o choque cultural e a tentativa de homogeneidade desta. Em seu levantamos temos informações que enriquecem essa narrativa, entre os vários países que o autor expõe pretendo citar apenas alguns deles para que esse trabalho não fique tão extenso.

Boaventura trata dos preconceitos existentes na Bolívia e descreve a dificuldade e demora para que um índio chegasse ao poder, cerca de 500 anos, todo preconceito levantado na colônia que um índio não é competente e não tem alma está imbricado nos dias atuais e nas mentes daqueles que não aceitam Evo Morales como presidente. Isso também ocorre na Venezuela em relação a Hugo Chaves por não pertencer a uma elite branca e no Brasil ao desclassificar um presidente por não ter pouca educação formal e principalmente por ter vindo de uma origem humilde.

Isso nos leva a um dos pontos principais deste trabalho. Até que ponto os preconceitos baseados nas ideologias de um determinado grupo existentes no período de colonização pode ser repassado e nos dias atuais criar uma classificação cultural? Acreditar que tornar um país homogêneo culturalmente o unirá não foi o aconteceu na colonização com tentativa de anular a cultura indígena?

Essas misturas culturais enriquecem uma nação, pois integra dentro de um determinado espaço o direito a diferença e principalmente o respeito em relação ao outro. A multiculturalidade não é algo fácil de entender e lidar porem é essencial para que exista uma nação democrática. Já a homogeneidade é algo praticamente impossível de acontecer, pois a identidade de um cidadão está voltada a várias questões entre elas religiosas, costumes e identidades locais. Impor a determinado Estado ou grupos étnicos um comportamento ou anulação de sua cultura é enfraquecer sua ligação. Não somos nós africanos, português espanhóis, indígenas e brasileiros? Não estamos nós ligados a uma idéia de nação globalizante formado por diversos grupos étnicos?

Assim devemos ao fazer uma analise sobre o assunto, que não são os fatores descritos no decorrer do texto que nos uniriam a consciência e valorização cultural que esta nos enriquece. E é nesse momento que as ações do Estado devem se voltar a regulamentar leis que estabeleçam tais direitos, que trate de maneira adequadas os conflitos existentes numa sociedade multicultural, pois a homogeneização de acordo com Seixas (2010) nunca ocorreu na história e possivelmente não acontecerá por conta das fortes migrações e emigrações.

Bibliografia:

HALL, Stuart. Da diáspora – identidades e mediações culturais. Belo Horizonte, Editora da UFMG, 2003.

SANTOS, B. S. A descolonização da América Latina e os direitos indígenas. disponivel em: HTTP://alainet.org/ Debate Aberto 15/08/2008

Seixas, Renato: Globalização Cultural e Multiculturalismo na América Latina: análise a partir de experiências das civilizações pré-colombianas. Dsiponivel em: http://www2.uel.br/revistas/direitoprivado/edicao.asp?id=35 Revista do direito Privado da Uel, Volume III - Número 1, janeiro/abril 2010.